sexta-feira, 19 de março de 2010

Necessidade

(É ESTRANHO, MAS ESTOU SENTINDO ESSA NECESSIDADE DE LER, ESCUTAR OU REPRODUZIR ESSA MENSAGEM)

Deus sabe o que mora no fundo do coração de cada um
de seus filhos.

Feliz aquele que pode, todas as noites, adormecer dizendo: Eu
nada tenho contra o meu próximo. (Simeão, Bordéus, 1862.)

Perdoar a seus inimigos é pedir perdão para você mesmo.
Perdoar a seus amigos é dar-lhes uma prova de amizade.
Perdoar as ofensas é descobrir-se melhor do que você era.
Perdoe sempre, meu amigo, a fim de que Deus o perdoe.
Porque se você for duro de coração, exigente, inflexível; se você
usar de rigor, mesmo para uma ligeira ofensa, como você quererá
que Deus não esqueça que cada dia você tem grande necessidade de
indulgência?
Oh! Infeliz é aquele que diz: “Eu não perdoarei jamais!” porque
nisso ele pronuncia a sua própria sentença.

Quem sabe, aliás, se examinando profundamente a você
mesmo, não descobrirá aí o agressor?
Quem sabe se, nessa luta que
começou por uma bagatela e que termina no rompimento de
amizade, não foi você quem deu o primeiro golpe?
Talvez por uma simples palavra com tom agressivo que escapou de seus lábios, tudo
começou? Quem sabe se você deixou de usar a moderação necessária?

Sem dúvida, o seu adversário andou mal, por se mostrar tão
sensível ao quase nada. Mas esta é mais uma razão para você ser
indulgente e para não merecer dele reprovação. Admitamos que
você foi realmente ofendido em certa ocasião. Quem sabe se você
não envenenou as coisas, com suas reações doentias, fazendo degenerar
em querela séria aquilo que poderia facilmente cair no esquecimento?

Se de você dependia impedir as conseqüências do pequeno
acontecimento, e você não impediu, você é o culpado. Admitamos,
enfim, que você nada tem a reprovar em sua conduta e, então,
maior será o seu mérito se você se mostrar clemente.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão
dos lábios e há o perdão do coração. Muitos dizem a seu adversário:
“Eu o perdôo”, enquanto que, interiormente, sentem um secreto
prazer pelo mal que acontecer ao faltoso, dizendo a si mesmos que
esse seu adversário fez por merecer o castigo. Outros dizem: “Eu
perdoei”, e acrescentam: “mas não me reconciliarei jamais; não quero
vê-lo pelo resto de minha vida”.

E esse o perdão, segundo o Evangelho?

Não! O verdadeiro perdão, o perdão cristão é aquele que lança
um véu sobre o passado. Este é o único que será levado em conta,
porque Deus não se contenta com o perdão de mera aparência. O
Criador escuta o fundo dos corações e lê os mais secretos pensamentos.
A Deus ninguém se impõe por vãs palavras e fingimentos.
O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio
das grandes almas. O rancor é sempre um sinal de baixeza e
inferioridade moral.
Não se esqueça, pois, que o verdadeiro perdão
se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. (Paulo,
Apóstolo, Lyon, 1861.)

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